segunda-feira, 11 de abril de 2016

Mar e céu

Eis me aqui diante de uma folha de papel.
Branca como a sua pele
Com você, não me importa as horas.
Mentira, elas me são valiosas.
Não existe romantismo com você
Até a poesia desfalece.
Não há poesia.
Há brutalidade, violência, doçura, tesão.
Há olhos ora perdidos, ora firmes.
Há uma ciência
Uma autoconsciência espetacular
Há idealização. Alarme.
Você por enquanto não é você
Você, que caminha por aí a passos ora largos, ora não.
Você, quem eu percebi de longe.
Você, que veio de branco, como a sua pele.
Veio de longe, de Recife.
És o peixe espada do coral.
Prender você? Parece-me impossível. Não ouso desejar.
Ou ouso?
Grande e grosso é o fio do destino.
Carne e osso, a matéria do desatino.
Confio no alvoroço, mas não lhe dou almoço.
Que por enquanto tudo é paz, tudo são flores.
Até eu te conhecer, e de repente saber
que você é um daqueles homens pra casar
e pra cair numa rotina
e ver você se descuidar
e amar outras meninas
e eu no meu pranto afundar
e matar as minhas rimas.

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