sexta-feira, 26 de abril de 2013

Não mais

E vai chegando a hora
De deixar tudo aquilo pra trás
A hora de não te ver mais
De não olhar pr' aquele cartaz
De não ter sua lembrança lilás
De não aceitar um comentário mordaz
De parar de achar que vc me satisfaz
Está chegando a hora
A hora de mostrar do que sou capaz
De ver tudo que o tempo devora voraz
De andar os passos que ficaram pra trás
De esquecer as ondas que o mar já não traz
De viver o agora porque o ontem já não faz
De ouvir outras vozes pois tu nada dirás
Agora é a hora
De não te buscar com todo esse gás
Pq por um instante eu preciso de paz
E triunfante serei um novo rapaz
Pois na manga eu terei um outro ás
E tu me acharás audaz
Nessa terra dos tupinambás
Num novo inebriante amor fugaz

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Labaredas no olhar

Tremelidos de um amor chamuscante
Coram a face de um rubor flamejante
Inveja no olhar de um exímio viajante
Que parte no raiar da aurora faiscante

Seus óculos escondendo os olhos
As lágrimas presas nos leves cílios
Minhas demandas, obrigado, recolho
Navego em águas tomadas por abrolhos

Cabeça baixa, pensamento torto
Caminho por entre nuvens de desconforto
Importo-me somente em mim, absorto
Até quando ainda não estiver morto

Desfaço os nós de uma corda grossa
Porque contra a liberdade não há quem possa
E até que a paixão seja inteira nossa
Continuarei assim, na fossa.



quarta-feira, 17 de abril de 2013

Dificulidades

Difícil é te ver e não falar com vc
Quando o âmago de minh'alma jaz em tuas mãos
Troteia e galopa num rompante
Em direção aos vales dos teus cunhões.
A carne fresca é devorada por cães.
Os lábios, vermelho cintilante
Famintos por mais uma centena de verões
Te levo para uma ilha deserta
Cercada de paradisíacas prisões
Esqueça os amigos, os estudos, o russo
Não aprenda nada que não seja sobre o nosso amor
Elimine a golpes de machado o passado
E entregue-se a essa paixão com ardor
Entregue-se totalmente, veementemente e até racionalmente
Entenda que posso ser seu salvador
A carne fresca espera por um mentor
Que a faça sair dos eixos,
Que a faça ganhar nova cor
As fantasias com vc eu deixo
E nunca achará um jeito
De me abandonar com rancor, ao relento
Não me deixará nem por uma flor.
No ar dos espíritos eu mexo,
Conjuro a mágica romântica
(Mais complexa que física quântica)
E encontro vc e sua mente
Entrelaçados numa estranha semântica
Acorde para nova vida
Cicatrize a ferida
Que o tempo traz um outro presente
Eu, embrulhado em papel marchê, pra vc, meu bebê.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ode

E já não tenho sombras e nem sondas pelo corpo.
Corro, mentalmente por aí
Sem sair do lugar
Já não sinto as ondas
E nem as pombas retornaram a voar
O passado ficou por lá
Em algum canto de um pomar
Fugiu por entre os dedos
E os olhos cheios de medos
Tentando o seu nome lembrar
O Adão de Michelângelo
tentando a mão de Deus tocar
Não sabia que andaria por aí
Sonâmbulo, perambulando sozinho
Sem o divino cocar.
Deus merece o amor de Adão?
Deus não sabe receber o amor de um varão?
Mas amor eu sei dar.
E estou pronto pra esperar.
Já esperei tanto, que o pranto há de se acostumar.
Mas até quando meu amor?
Até onde vai a onda de esperança?
Até quando a nossa ode irei cantar?
Num mundo cheio de matança e intolerância,
Doenças e crenças
Ao meu lado terá a bonança?
A vida - que bela - dá um doce,
e depois um chute na canela.